ESPECIAL
Em busca do sonho, alunos vão estudar em uma das melhores universidades do Brasil
Kaline e Geovani vão cursar Engenharia de Controle e Automação na Unicamp, em Campinas/SP
Publicada em 08/03/2022 ― Atualizada em 30 de Março de 2023 às 04:05

Muitos alunos do IFRN – destaques na produção da ciência –, mesmo com todas as dificuldades impostas pela pandemia, têm sido capazes de conciliar as adaptações ao ensino remoto (e à volta gradual da presencialidade) com o desenvolvimento de projetos de pesquisa. No Campus Natal-Zona Norte do Instituto, não tem sido diferente.
Nesse contexto, Yasmin Kaline Carvalho e Geovani Porto, alunos do terceiro ano do Curso Técnico em Eletrônica, viajam nesta sexta-feira (11) para Campinas/SP. Na bagagem, além de roupas e utensílios pessoais, eles carregam sonhos. Há duas semanas, eles receberam a notícia que mudaria suas vidas: a aprovação para cursar Engenharia de Controle e Automação na Universidade de Campinas (Unicamp), uma das melhores universidades do Brasil no ranking mundial da consultoria britânica Times Higher Education (THE), divulgado em 2021.
Yasmin Kaline não esconde a empolgação com o novo desafio. "Estamos muito animados. Achamos que vai ser uma grande mudança na nossa vida, até de perspectivas. Já pudemos conhecer alguns colegas e, inclusive, há uma equipe de robótica lá. Com certeza vai ser bem divertido", comemora.
Até agora sem acreditar no resultado, Geovani não vê a hora de conhecer a universidade, cujas aulas começam já na próxima segunda-feira, dia 14. "Não caiu a ficha até agora de que estou indo embora, deixando aqui a minha família e os meus amigos. Apesar do apoio que recebo de todos para estudar longe, vou sentir muita falta deles. Na verdade, tenho muitas expectativas com relação à Unicamp, principalmente pelas oportunidades que vão surgir", comenta.
Como a vaga chegou?
A conquista veio após a classificação dos jovens na modalidade Vagas Olímpicas, uma das possibilidades de ingresso na Universidade de Campinas neste ano. Essa modalidade passou a ser adotada a partir de 2019, voltada para estudantes de escolas públicas ou privadas medalhistas ou com ótimo desempenho em competições de conhecimento do Ensino Médio. Em 2022, foram disponibilizadas apenas cinco vagas para o curso de graduação escolhido pela dupla.
A convocação dos alunos veio a partir das pontuações obtidas nas competições olímpicas de que participaram, nesse caso, sobretudo, a Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR), atualmente considerada o maior evento de robótica da América Latina. Na competição, no formato virtual, eles foram os melhores da modalidade teórica, uma prova escrita preparada por uma comissão de professores e pesquisadores da própria OBR. "O nosso ótimo desempenho nessa olimpíada teve um peso maior na nossa nota e ajudou a garantir a nossa aprovação para a Unicamp", revela Geovani.
Onde tudo começou
Geovani admite que desde o Ensino Fundamental se sente atraído área de tecnologia e, ao entrar no IFRN, planejou aproveitar ao máximo as oportunidades. "O Campus Natal-Zona Norte me incentivou muito por meio dos cursos oferecidos, dos quais vez ou outra eu conseguia participar. O MARIA [Movimento Aberto de Robótica, Inovação e Automação – projeto de extensão que existe desde 2015 com a proposta de familiarizar estudantes dos cursos técnicos de nível médio-técnico do Campus com competições de Robótica] também ajudou bastante. Lembro inclusive uma palestra sobre Internet das Coisas, no próprio Instituto, que foi o estímulo inicial para eu estudar por conta própria".
Assim como o colega, Yasmin Kaline destaca a importância do MARIA e elogia o comprometimento de professores com o ensino da robótica. "Meu interesse pela área começou ainda no primeiro ano de Eletrônica, quando o pessoal do MARIA foi até a minha sala para incentivar principalmente as meninas a participar do projeto. A partir disso, comecei no laboratório a construir os robôs, a entender aquele mundo, mas ainda não sabia nada sobre arduino [plataforma de desenvolvimento de projetos eletrônicos]. No entanto, isso passou a mudar quando a estudante entrou em um grupo de estudos, que, mesmo voltado para alunos a partir do segundo ano, a ensinou a programar e a aplicar aquilo que aprendia no projeto. "Sou muito grata ao professor Hilário Silveira, responsável pela iniciativa. A professora Liviane Melo também foi muito importante, porque, no ano seguinte, me ajudou bastante na OBR. Tudo isso mudou minha vida", relata.
Competição nossa de cada dia
Engana-se quem pensa que o início dos dois foi fácil, principalmente no contexto da pandemia da Covid-19 e do isolamento social. Em 2020, ano no qual passaram a estudar robótica e programação juntos, pensaram até em desistir diante das dificuldades. "Nos primeiros meses não ganhamos prêmios e chegamos a desfazer o grupo por pouco tempo. Mas a vontade de conquistar coisas grandes e ir longe foi maior", conta a dupla.
Então, com Hanna Vitória Oliveira, colega de turma e parceira das pesquisas, eles criaram a Yume, uma ONG educacional cadastrada como projeto de pesquisa do Campus. Ela ficou responsável por compartilhar oportunidades educacionais como palestras, cursos, hackathons, olimpíadas científicas e outros eventos, contando com apoio de professores de instituições de ensino como o Instituto Federal de Roraima (IFRR) e de escolas espalhadas pelo Brasil. Assim, ao passo que divulgava as competições, o trio se inscrevia em uma disputa atrás da outra.
O primeiro prêmio em equipe só chegou quase um ano depois: o segundo lugar na Feira Brasileira de Jovens Cientistas – FBJC –, na área Ciências Exatas e da Terra, graças ao SmartLab – projeto desenvolvido pelos estudantes que usa o smartphone para realizar análises físico-químicas de maneira acessível a estudantes de escolas que não dispõem de laboratórios e equipamentos de química. A ideia, na qual os autores aplicam conhecimentos em matemática e programação para obter dados químicos a partir de imagens, foi responsável por inúmeras premiações, incluindo medalhas, credenciamentos para eventos internacionais e menções honrosas.
Fisicamente longe. Remotamente juntos
Segundo Hanna, a separação do time não será suficiente para interromper os estudos em equipe nem para não seguirem atuando juntos. "Mesmo eles indo para outro estado, tanto a Yume quanto o SmartLab vão continuar, pois vale lembrar que ambos os projetos começaram durante a pandemia, tudo virtualmente. Por isso, vamos seguir desenvolvendo os dois e esperamos que dê tudo certo", explica.
Principais eventos:
Ano | Evento | Organização | Tipo |
---|---|---|---|
2020 | Feira Brasileira de Jovens Cientistas (FBJC) | FBJC | SmartLab |
2020 | Feira de Ciência e Tecnologia da região bragantina (Bragantec) | IFSP | SmartLab |
2020 | Feira de Ciência e Tecnologia de Palotina (Fecitec) | UFPR | SmartLab |
2020 | Mostra Científica e Tecnológica dos Jovens Pesquisadores do Pará (Mocitec Jovem) | MECIS/PA | SmartLab |
2020 | Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace) | USP | SmartLab |
2020 | Feira Nacional de Ciência e Tecnologia Dante Alighieri (FeNaDANTE) | Colégio Dante Alighieri | SmartLab |
2021 | Feira de Ciência e Tecnologia da região bragantina (Bragantec) | IFSP | SmartLab |
2021 | Feira Brasileira de Jovens Cientistas (FBJC) | FBJC | SmartLab |
2021 | Feira Nacional de Ciência e Tecnologia Dante Alighieri (FeNaDANTE) | Colégio Dante Alighieri | SmartLab |
2021 | Feira de Inovação e Ciências (FeCEAP) | CEAP/SP | SmartLab |
2021 | Feira Nordestina de Ciências e Tecnologia (Fenecit) | Academia do Saber/PE | SmartLab |
2021 | Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia (Mostratec Liberato) | Fundação Liberato/RS | SmartLab |
2021 | Mostra de Ciência e Tecnologia da Zona Norte de Natal (Mocitec/ZN) | IFRN-ZN | SmartLab |
Principais prêmios:
Ano | Evento | Prêmio | Área | Tipo |
---|---|---|---|---|
2020 | Mocitec Jovem | 3º lugar | Ciências Exatas e da Terra | SmartLab |
2020 | Fecitec Palotina | 3º lugar | Ciências Exatas e da Terra | SmartLab |
2020 | FeNaDANTE | 3º lugar | Ciências Exatas e da Terra | SmartLab |
2020 | Febrace | 3º lugar | Ciências Exatas e da Terra | SmartLab |
2020 | FBJC | 2º lugar | Ciências Exatas e da Terra | SmartLab |
2021 | FBJC | 2º lugar | Ciências Exatas e da Terra | SmartLab |
2021 | Mocitec/ZN | 2º lugar | Ciências Exatas e da Terra | SmartLab |
2021 | Bragantec | 1º lugar | Geral | SmartLab |
2021 | Bragantec | 1º lugar | Ciências Exatas e da Terra | SmartLab |
2021 | Fenecit | 1º lugar | Ciências Exatas e da Terra | SmartLab |
2021 | Mostratec Liberato | 1º lugar | Ciências Exatas e da Terra | SmartLab |
2021 | FeCEAP | 1º lugar | Ciências Exatas e da Terra | SmartLab |
2021 | FeNaDANTE | 1º lugar | Ciências Exatas e da Terra | SmartLab |
Credenciamentos:
Ano Credencial Organização Ano/País Formato 2020 FeNaDANTE Colégio Dante Alighieri/SP 2021/Brasil Virtual 2021 FeNaDANTE Colégio Dante Alighieri/SP 2022/Brasil Virtual 2021 Expo Nacional Milset Brasil Milset Brasil 2021/Brasil Virtual 2021 Expoceti Colégio Anglo Parque 2022/Brasil A definir 2021 Febrace USP 2022/Brasil Virtual 2021 Fenecit Instituto Academia do Saber 2022/Brasil Virtual 2021 Expo Science México Milset 2022/México Híbrido 2021 Feyncit Centro Universitario Jerome Bruner 2022/México A definir
Outras premiações:
Ano Evento Premiação 2020 Feira Brasileira de Jovens Cientistas (FBJC) Prêmio Estreante Destaque 2020 Feira Nacional de Ciência e Tecnologia Dante Alighieri (FeNaDANTE) Prêmio de Excelência Instituto da Física da USP 2020 Feira Nacional de Ciência e Tecnologia Dante Alighieri (FeNaDANTE) Prêmio Destaque Unidades da Federação: RN 2021 Feira de Inovação e Ciências (FeCEAP) Prêmio de Inovação em Tecnologia 2021 Feira Brasileira de Jovens Cientistas (FBJC) 1º lugar da Maratona de Inovação da FBJC