COVID-19
Comitê divulga dados do Censo da Saúde
Ação, pioneira no estado, identificou contaminados e condições de saúde da comunidade acadêmica
Publicada em 28/08/2020 ― Atualizada em 30 de Março de 2023 às 07:04

Em meio às discussões sobre a retomada das aulas presenciais
no Rio Grande do Norte, muitas iniciativas têm sido realizadas para identificar
melhor o perfil dos públicos e, assim, subsidiar as decisões quanto a um
possível. O Comitê de Enfrentamento à Covid-19, que orienta o Instituto Federal
do Rio Grande do Norte (IFRN), lançou-se nessa empreitada: decidiu que
precisava compreender melhor qual o perfil da sua comunidade e investigar qual
percentual já havia tido contato com o novo coronavírus. O resultado envolve
dados de estudantes, servidores e trabalhadores de empresas terceirizadas em 22
campi, distribuídos em 18 municípios do
RN, totalizando mais de 40 mil pessoas.
A iniciativa, que é pioneira no estado, foi realizada em
parceria com o Núcleo Avançado de Inovação Tecnológica (Navi) do IFRN, que
desenvolveu um sistema para a coleta dos dados entre os públicos e, ainda, uma
plataforma para notificação de novos casos. “Entendemos que temos uma
comunidade com perfil muito diverso. São centenas de estudantes em situação de
vulnerabilidade, circulando entre municípios no estado e isso pode fazer a
diferença no cenário de controle da pandemia. Precisávamos compreender melhor a
dinâmica da Instituição e foi isso que fomos buscar”, explicou Thiago Raulino, presidente
do Comitê do IFRN.
A análise da situação da saúde do Instituto foi planejada
para ocorrer em duas etapas. A primeira, já finalizada, levantou os dados de
pouco mais de 40% da comunidade acadêmica do Instituto. Esses dados agora estão
sendo analisados pelo Comitê – e pelas comissões constituídas nos campi da Instituição – e vão orientar
elaboração dos planos de contingenciamento locais nas 22 unidades e na Reitoria,
seguindo diretrizes do Plano de Contingência do IFRN, aprovado no mês de junho
pelo Conselho Superior (Consup) da Instituição. A segunda etapa deverá ser
realizada somente quando houver sinalização de condições para um retorno
presencial das atividades escolares, sem data prevista.
Dados percentuais
Os dados, que foram levantados entre junho e julho, revelam
que um percentual muito pequeno da população da Instituição havia sido
contaminado e diagnosticado pelo novo coronavírus, pouco mais de 1,7%. No
entanto, um percentual superior, aproximadamente 12%, apresentou sintomas
sugestivos para a doença. “Acreditamos que esses percentuais são reflexos de dois
aspectos. Primeiro, o maior isolamento dos estudantes em razão da suspensão das
atividades presenciais e depois do número pequeno de testes que ainda eram
realizados quando a coleta de dados foi realizada. Como sabemos, o Brasil é um
dos países que menos testa para a Covid-19”, destacou Dalyanne Morais, representante
do Comitê.
Mesmo com um público formado predominantemente por
adolescentes e adultos, 9,6% da comunidade acadêmica do IFRN compõe o grupo de
risco. Isso em razão da presença de comorbidades como hipertensão, diabetes,
doenças crônicas, entre outras. Outro fator que precisou ser considerado, por
causa do perfil dos indivíduos que formam o IFRN, foi a residência com pessoas
que compõem o grupo de risco. Nesse quesito, 61,4% dos respondentes afirmou residir
com integrantes desse grupo, o que acende um alerta, já que a transmissão do
vírus entre os habitantes de uma mesma moradia é facilitada pela convivência no
mesmo espaço.
“Isso nos levou a investigar também as condições de moradia
e identificamos que mais de 74% dos respondentes reside com mais de 3 pessoas.
Desse percentual, quase 20% reside com 5 pessoas ou mais. Nesse contexto, falar
de isolamento para contaminados é um desafio”, destaca Valéria Oliveira,
assistente social do IFRN. Os desafios aumentam ainda mais quando se leva em
consideração o perfil socioeconômico dos estudantes do Instituto, que possuem
renda per capita inferior a meio salário-mínimo.
Deslocamento
Os dados da pesquisa evidenciaram a realidade da comunidade
institucional em relação ao deslocamento diário: praticamente metade das
pessoas que frequentam os campi da
Instituição residem em outros municípios. Desses, mais de 80% circulam entre os
municípios diferentes diariamente. “Olhando para os dados da taxa de
transmissibilidade hoje, por exemplo, temos campi
em municípios considerados da zona segura, mas que têm estudantes de municípios
em zona de perigo. Institucionalmente, temos um cenário muito complexo, o que
será levado em consideração no momento oportuno ao retorno de atividades
presenciais”, destaca Thiago Raulino.
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