CONSUP
Conselheiros discutem ações da gestão pro tempore
Colegiado teve duas reuniões na sexta (29)
Publicada em 03/06/2020 ― Atualizada em 30 de Março de 2023 às 06:42

Na última sexta-feira (29), o Conselho Superior do IFRN realizou duas
reuniões. A primeira foi relativa à pauta encaminhada pelo presidente
do Conselho, o reitor pro tempore do IFRN, professor Josué Moreira, e a
segunda com pautas enviadas pelo grupo de conselheiros. A reunião
vespertina, com duração de pouco mais que quatro horas, tratou de pautas
como a eleição para diretor-geral do Campus Avançado Lajes, atividades
da Pró-Reitoria de Ensino e a retomada dos trabalhos da Comissão de
Sindicância que apura denúncia contra o professor José Arnóbio de Araújo
Filho, reitor eleito do Instituto. A reunião foi marcada por discussões
e defesas de ponto de vista. Abaixo, um resumo dos pontos de pauta e
dos posicionamentos dos conselheiros.
Pautas
Na abertura dos trabalhos, o reitor pro tempore, professor Josué
Moreira, apresentou Calistrato Soares como substituto eventual do
pró-reitor de Ensino, o também professor José Ribeiro. O conselheiro
Andreilson Oliveira alertou para a impossibilidade da representação, em
virtude de a nomeação de Calistrato não ter efeito legal antes da
publicação no Diário Oficial da União. A pauta foi votada e aprovada
pela unanimidade dos conselheiros, sendo iniciada a discussão com a
apresentação de um relatório da Auditoria Geral (Audge) do IFRN sobre as
deliberações do Consup que não foram efetivadas pela atual gestão do
Instituto.
Relatado pelo conselheiro Daniel Lobão, o relatório da Audge apontou
que a conduta do reitor pro tempore pode ser considerada omissiva em
relação às deliberações do Consup e que tal omissão poderá configurar
irregularidade funcional a ser apurada pela administração. O conselheiro
Andreilson pediu questão de ordem e destacou uma denúncia sua, de 11 de
maio, que teria sido arquivada sem deliberações pela Chefia de Gabinete
da gestão pro tempore. “A denúncia trata sobre nomeações, possivelmente
irregulares. Saindo da Procuradoria Jurídica (Proju) para que o
Gabinete encaminhasse à Diretoria de Gestão de Pessoas, o processo foi
arquivado sem justificativa alguma”, disse o conselheiro.
Sobre a retomada das atividades da Comissão de Sindicância –
encaminhamento do Consup datado de abril – o professor Josué declarou
ser impedido legalmente de emitir tal portaria: “fui orientado pela
Proju a indicar servidor para assumir o andamento dessas ações, pois eu e
o professor Ribeiro [vice-reitoria] somos impedidos. Até o final da
semana que vem (dia 5 de junho) nossa equipe deverá nomear o servidor”,
declarou o reitor pro tempore. Os conselheiros, então, deram destaque ao
prazo citado no relatório da Auditoria e fizeram a sugestão de que o
reitor pro tempore indicasse Marília Silveira como servidora para dar
sequência ao processo. O professor Josué disse que apontaria Samuel
Gomes, pró-reitor de Pesquisa e Inovação, para a função.
Na sequência, ao ser indagado pelo conselheiro Sidney Ribeiro sobre o
porquê de não ter dado seguimento às demandas encaminhadas pelo Consup,
o professor Josué disse que tem assinado todos os documentos e afirmou
haver uma queda de braço entre seu grupo gestor e “aqueles que
representam politicamente grupos da Instituição que não podem assumir a
gestão pela ocorrência de problemas com a justiça”, nas palavras do
reitor pro tempore.
Situação na Reitoria
Um dos pontos levantados durante a reunião trata sobre a situação da
Reitoria do IFRN. Com quase 20 cargos vagos e trocas sendo realizadas
nas pró-reitorias, os conselheiros alegaram que processos fundamentais
para a instituição não vem sendo realizados. Josué ressaltou que não há
descontinuidade nos trabalhos da Reitoria e que vê como natural a
insatisfação por parte dos servidores, pois estes “aguardavam assumir
funções e gratificações na gestão impedida de assumir”.
Disse ainda que está trabalhando e resolvendo os problemas no
Instituto, como a nomeação em cargos estratégicos, mesmo que possam
estar demorando. “Há uma retórica política alicerçada no enfrentamento e
não na convergência para ajudar a gestão no atual momento. Retórica
política que, inclusive, tem atrapalhado na nomeação dos cargos. Tenho
conversado com servidores que se negam assumir as funções para evitar
serem tidos como traidores. Mas todos poderão observar, em breve, que os
cargos vagos serão ocupados seja por servidores do quadro do IFRN ou
por pessoas de fora de nossa instituição. É uma retórica política muito
bem arregimentada, feroz e aguerrida em relação a nossa gestão. Ainda
assim, isso não nos impede de tocar o barco sem deixar a instituição
parar, como alguns têm proposto, buscando parar setores e causar o caos.
Isso não vamos deixar acontecer. Principalmente porque as pessoas
dentro da Reitoria têm atribuições para realizar. Se não fizerem, vão
estar cometendo infrações e a gente não gostaria que isso acontecesse.
Estamos caminhando com nossos projetos e a máquina está funcionando,
parte em piloto automático. Tudo está acontecendo apesar dos
insatisfeitos”, declarou o reitor pro tempore.
O professor Daniel Lobão se posicionou após a fala de Josué Moreira:
“estou aqui para ajudar à Instituição. Se o senhor também está, vamos
caminhar juntos. Agora, se o senhor quer descumprir o Regimento e manter
os cargos vagos na Instituição, se não quer dar encaminhamento à
sindicância, teremos de apurar as responsabilidades desses
descumprimentos. Porque assumir o bônus de uma CD-1, o bônus do
prestígio do título, o bônus de dar entrevistas para órgãos
jornalísticos e o bônus de ficar se encontrando com representantes do
empresariado de Mossoró, vem com ônus de gerir a instituição. Diante dos
prejuízos já percebidos, como as bolsas não pagas a 42 alunos em plena
pandemia, é preciso se aferir responsabilidades", defendeu Lobão.
O conselheiro Thiago Lima se disse extremamente ofendido com as
afirmações do professor Josué: “A insatisfação é com o atual estado de
coisas e nisso não envolve questões político-partidárias. Nossa
insatisfação se dá no âmbito institucional. Queremos uma gestão
comprometida em manter o IFRN como referência nacional e sem
interferência política, o que não é a realidade atual”. Flávio Ferreira,
diretor geral do Campus Canguaretama e conselheiro no Consup, refutou a
tipificação de ‘retórica política’, afirmando tratar-se de
descontentamento com a situação que o IFRN vive. “Nosso descontentamento
foi expresso, inclusive, em dezenas de notas de repúdio e cartas
abertas. Entre elas, destaco duas: aquela assinada por mais de 1500
servidores do Instituto e uma outra, assinada pelos ex-diretores e
ex-reitores de Instituição". O conselheiro Daniel Lobão rebateu as
afirmações do reitor pro tempore destacando a vacância de funções na
Reitoria, as mudança de gestores entre as pastas e o acúmulo de
processos: “se um processo fica 30 dias parado não é retórica, é fato.
Contra fatos não há argumentos e nenhuma retórica salva”, disse.
A conselheira Dália Maia também se pronunciou e pediu que o reitor
pro tempore“respeite os servidores do IFRN e pare de repetir que se
trabalha aqui em piloto automático. No contexto de uma pandemia, em que
todos são afetados e alguns já perderam parentes e pessoas próximas,
estamos cumprindo nossas atividades com esforço mesmo diante das
dificuldades. Ouvir uma pessoa dizer que funcionamos como piloto
automático, como máquina sem sentimentos, é uma fala complicada e
desrespeitosa. Peço que não repita essa frase ofensiva!”, disse. A
conselheira representa a categoria de técnicos-administrativos; Dália ainda pediu a
despolitização da discussão.
Seguimento das pautas
Dália apresentou o ponto de pauta que tratava da Pró-Reitoria de
Ensino. Em sua fala, deu ênfase ao acúmulo de processos. O professor
Josué negou que a Pró-Reitoria esteja parada, não refutou os argumentos
da conselheira e limitando-se a segurar o domínio e propriedade do
pró-reitor de ensino, professor Ribeiro, diante da pasta. Ao ser instado
sobre o prazo para inserção das vagas do IFRN no Sistema de Seleção
Unificada (Sisu), o reitor pro tempore disse que sua equipe estava em
contato com o Ministério da Educação (MEC) na tentativa de garantir a
participação do Instituto após o fim do prazo para inscrição das vagas
do Instituto. Para que sejam dirimidas todas as dúvidas sobre o
funcionamento da Proen – e em especial sobre a Diretoria de Avaliação e
Regulação do Ensino (Diare) e a Coordenação de Acesso Discente (Cadis),
Josué deixou a cargo do pró-reitor de Ensino as respostas, “a serem
dadas em momento oportuno”.
Na oportunidade, os conselheiros cobraram informações sobre o
não-comparecimento (sem justificativa à Secretaria do Conselho Superior)
do pró-reitor de Ensino, “o que representa desobediência ao que
estabelece o Regimento do Consup”, nas palavras do conselheiro Lobão.
Josué Moreira falou sobre a constante realização de reuniões, o que
dificultaria a presença dos membros. Lobão defendeu que a presença nas
reuniões é prerrogativa do cargo ou função. O servidor e conselheiro
indagou ainda, o reitor pro tempore, sobre a sua ausência não
justificada na reunião de 11 de maio. O professor Josué disse que só
responderia a esse questionamento no processo aberto para apurar tal
descumprimento.
Luciana Santos, também conselheira, citou uma carta dos servidores da
Reitoria para cobrar ações efetivas do professor Josué à frente do
IFRN. Essa fala foi corroborada pelo conselheiro Sidney, ao que o reitor
pro tempore respondeu: “eu e o grupo de pró-reitores decidimos emitir
uma nota convidando nossos colegas para ocupar os cargos em alguns
setores sistêmicos” e antecipou a nomeação do diretor de Gestão de
Pessoas [com Portaria publicada em 30 de maio] e disse ainda que será
aberto prazo para que os interessados enviem currículo para análise,
afirmando que aguarda – para no máximo em 15 dias – ter nomes em todas
as pastas.
Ainda foram discutidos: o tempo de fala de cada conselheiro nas
discussões do Conselho, e, no último ponto de pauta, a eleição para
diretor geral do campo Lajes. O servidor Abinoam Soares apresentou o
processo e pediu vistas para poder se apropriar e avaliar o conteúdo.
Nos informes, a conselheira Marília Silveira fez uma fala sobre o
respeito ao conselho, seja através da consideração ao Regimento, seja
através do cumprimento das decisões tomadas pelo colegiado. Marília
ainda pediu que Josué Moreira refletisse sobre sua postura e
comportamento diante do Consup: “estou sofrendo muito com as coisas que
ouvi aqui. Vamos refletir e dar a importância que esse Conselho tem,
afinal suas decisões, senhor reitor pro tempore, têm que ser referendadas
pelo Consup, se não elas não acontecem regimentalmente” defendeu.
Raphael Siqueira, também conselheiro, fez o informe sobre dois
processos que serão inseridos na pauta da próxima reunião do Conselho
Superior. Um trata de denúncia de impedimento de acesso de servidores à
Reitoria e outro da recusa no recebimento de correspondência em nome do
ex-reitor do IFRN, professor Wyllys Abel Farkatt Tabosa. Josué disse
desconhecer tais expedientes e alegou que muitas pessoas fazem denúncia
que não correspondem à verdade. Por fim, o conselheiro Ricardo Gentil
sugeriu que se encontrassem novas formas de discutir nas reuniões do
Conselho sem que sejam diminuídos os tempos de fala de cada
participante.
Encaminhamentos
Diante das pautas da Reunião (descritas a seguir), foram dados os seguintes encaminhamentos:
- Aprovação do Relatório de Auditoria 2/2020;
- Discutir e deliberar pelo reforço sobre a solicitação de posicionamento da SETEC quanto às denúncias;
- Requerer esclarecimentos sobre o funcionamento atual da Pró-Reitoria de Ensino e o cumprimento de algumas ações que são de competência dessa Pró-Reitoria;
- Eleição para Diretor Geral do Campus Avançado de Lajes;
- Expediente e Informes.
1º encaminhamento: instauração de processo de responsabilidade do
servidor que finalizou a denúncia do professor Andreilson Oliveira e o
cumprimento do prazo de cinco dias – de acordo com o parecer da
Auditoria do IFRN – para emissão de portaria que retoma as atividades de
sindicância, bem como notificação à UFRN e Ufersa, que tem servidores
compondo a comissão;
2º encaminhamento: consulta à Procuradoria Jurídica e a Auditoria Geral sobre possibilidade de abertura de processo administrativo ou sindicância punitiva ao gestor pro tempore do IFRN por irregularidades na conduta administrativa;
3º encaminhamento: reenvio de ofício à Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec), com questionamentos quanto à nomeação do reitor pro tempore e atualização sobre a situação da Reitoria do Instituto, descrita na Carta dos Servidores, com o adendo de a mesma ação ser feita com envio ao Tribunal Regional Federal da 5ª Região.
4º encaminhamento: apuração de responsabilidade pela não homologação das bolsas do Programa de Educação Tutorial (PET) e do Programa de Bolsa Permanência;
5º encaminhamento: esclarecimentos sobre o funcionamento atual da
Pró-Reitoria de Ensino e o cumprimento de algumas ações que são de
competência dessa Pró-Reitoria, com ênfase sobre critérios para nomeação
na Diretoria de Avaliação e Regulação do Ensino (Diare) e na
Coordenação de Acesso Discente (Cadis), além de esclarecimentos sobre a
assinatura do termo de adesão ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu).