DIA DO ESTUDANTE
Ensino de Jovens e Adultos: a recompensa da Educação
Conheça a história de Maria Selma, ex-estudante da primeira turma EJA, que se formou junto à filha
Publicada em 12/08/2021 ― Atualizada em 30 de Março de 2023 às 07:20

Assessoria de Comunicação Social e Eventos da Reitoria do IFRN (ASCE/RE/IFRN)
No Sertão do Rio Grande do Norte, em 2009 - quando o Campus Pau
dos Ferros foi inaugurado para integrar a II Fase do Plano de Expansão
da Rede Federal de Educação Profissional - começa a história de Maria
Selma Maia Feitosa com o IFRN.
Maria Selma era mais uma dona de casa, com 36 anos e quatro filhos, quando Antonia Francimar da Silva, diretora geral do Campus à época,
a chamou para trabalhar no IFRN. “Eu comecei trabalhando como auxiliar
de serviços gerais (ASG), antes mesmo das aulas do Instituto começarem.
Esse foi o meu primeiro emprego da vida“, relembra Selma.
Sabendo que o IFRN tem como objetivo "educar no âmbito científico,
técnico e humanístico, visando à formação integral do
profissional-cidadão crítico-reflexivo, competente técnica e eticamente
para atuar no mundo do trabalho a partir de um compromisso efetivo com
as transformações sociais, políticas e culturais", a diretora-geral, em
momento que as aulas já se estabeleciam naquela unidade da Instituição,
incentivou a funcionária terceirizada a fazer a prova para a primeira
turma do Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a
Educação Básica, na Modalidade de Jovens e Adultos (ProEJA) do Campus.
Selma recorda que a diretora a encorajou bastante a fazer a prova,
pois daria para ela trabalhar e estudar no horário da noite. “Ela queria
muito que eu concluísse o Ensino Médio, pois até então, eu possuía
apenas o ensino fundamental, nunca imaginei que conseguiria, com quatro
filhos e o mais novo apenas com dois aninhos naquele período”, explicou.
Para ela, o IFRN era um sonho que desejava apenas para seus filhos, mas
resolveu fazer a prova e foi surpreendida: “fiz a prova de seleção, na
qual passei em segundo lugar. Apesar de não haver muita concorrência,
pois era o primeiro ano do Campus na cidade. Vibrei pela conquista”.
Estudante EJA, um sonho de formação dupla no IFRN
Já como estudante do IFRN,
Selma teve uma felicidade dupla, pois sua filha mais velha, Beliza
Larisse Maia Feitosa, também foi aprovada na Instituição. As duas
passaram para o curso Técnico de Alimentos, ainda em Pau dos Ferros.
Beliza na modalidade Integrado e Selma na modalidade EJA. Selma relembra
que no início foi muito desafiador, pois precisava conciliar os estudos
com sua trajetória de trabalhar fora, ser dona de casa e mãe de quatro
filhos, mas contou com total apoio da sua filha para seguir. “Muitos dos
professores eram os mesmos para nós duas. Beliza me ajudava na maior
parte dos trabalhos. Era difícil trabalhar o dia todo e estudar a noite,
mas quando tinha uma prova ou trabalho ela me ajudava e eu tentava
estudar entre arrumar uma sala e outra”, recorda, com alegria.
Ao fim da trajetória de estudos no IFRN, chegou um momento tão
esperado, Selma e sua filha se formaram juntas, no mesmo dia. A
ex-estudante EJA conta que a emoção foi tanta que nem consegue expressar
tamanha felicidade: "Foi tão lindo, lembro desse momento até hoje, oito
anos depois e ainda tenho vontade de chorar quando me recordo, era a
primeira formatura do Campus, Integrado e EJA. Amélia Cristina Reis, que
era diretora acadêmica e uma das pessoas que me incentivou nesse
processo, chorava em seu discurso. Não se continha de tanta emoção,
falou da nossa história, nunca vou esquecer... Ave, Maria, o IFRN é tudo
para mim”
Selma lembra que inúmeras vezes pensou em desistir do seu processo de
ensino e aprendizagem, mas que valeu muito a pena seguir. "Foi muito
recompensador. A gente sempre tem algo a aprender e nunca é tarde para
isso. Muitas vezes pensei em desistir, eu sempre dizia a Amélia que se
minha filha se formasse em meu lugar eu já me sentiria realizada. Mas
ela sempre me apoiava a continuar e não desistir e dizia que eu e minha
filha deveríamos nos formar juntas e assim aconteceu, graças a Deus”,
recorda a ex-estudante.
A recompensa
“Muita gratidão a Deus por
tudo, a minha família, a Antonia e Amélia pois elas sabem o quanto foi
desafiador tanto para mim quanto para minha filha”. No mesmo ano da
formação de mãe e filha no curso , Selma teve mais uma conquista, sua
filha Beliza, que tanto a apoiou em sua caminhada educacional na
instituição, foi aprovada no primeiro seu Exame Nacional do Ensino Médio
(Enem) no curso de Medicina. “Foi muito gratificante ver meus filhos
estudando no IFRN, por saber do ensino de qualidade da Instituição. Não
tenho como expressar o sentimento de dever cumprido após os quatro anos
de curso. E ainda vê-la passando no primeiro Enem, no curso que ela
tanto almejava” conta Selma com emoção.
Para aqueles que sonham em voltar a estudar mesmo em meio aos
desafios da vida adulta, Selma deixa seu recado “vale muito a pena
voltar a estudar, nunca é tarde para correr atrás dos nossos sonhos.
Acredito que é com a educação que transformamos as pessoas, e com
dedicação e empenho pode-se alcançar todos os nossos objetivos”.