ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
IFRN emite nota sobre bloqueio orçamentário
Valor que atinge o orçamento do Instituto ultrapassa R$ 13 milhões
Publicada em 01/06/2022 ― Atualizada em 30 de Março de 2023 às 06:26

Na sexta-feira (27/5), o Instituto
Federal do Rio Grande do Norte (IFRN), como as demais instituições públicas de
ensino tecnológico e superior do país, recebeu a informação do bloqueio de recursos
destinados para as suas ações no ano de 2022. Foi determinado pelo Ministério da
Economia o bloqueio de 14,5% do orçamento. Os números extraídos do Sistema
Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi), contudo,
apresentam outra porcentagem para IFRN, 21,82%, haja vista o repasse do
bloqueio inicial ser aplicado de forma escalonada em órgãos como o Ministério da
Educação, responsável por universidades e institutos federais; ultrapassando os
13 milhões de reais, o bloqueio atinge diretamente o funcionamento
da instituição, visto que incide sobre recursos de custeio, conforme quadro
abaixo:
RECURSOS DE CUSTEIO – TESOURO NACIONAL | |||
Atividade | Valor Aprovado na LOA (R$) | Valor Bloqueado (R$) | % Bloqueado |
Funcionamento da Instituição | 59.993.626,00 | 13.088.845,00 | 21,82% |
Fonte: Siafi
Funcionamento da instituição
Como mostra a tabela, foram bloqueados
R$ 13.088.845,00 dos R$ 59.993.629,00 aprovados na Lei Orçamentária Anual
(LOA/2022) para o funcionamento do IFRN, o que representa uma perda de 21,82%.
Somada a redução orçamentária de cerca de R$ 15 milhões que vem sendo
enfrentada ao longo dos últimos quatro anos, as perdas chegam a aproximadamente
R$ 28 milhões, o que pode inviabilizar o funcionamento da instituição a partir
de meados do segundo semestre de 2022.
“Em razão do bloqueio desse montante,
todas as iniciativas de investimento que estavam previstas foram suspensas,
estão comprometidos projetos de assistência estudantil voltados para a
permanência e êxito de estudantes, além do funcionamento dos campi. Estamos dialogando com agentes
públicos com o objetivo de garantir a integralidade do orçamento do Instituto e,
em paralelo, buscamos o debate junto à comunidade acadêmica do IFRN, para discutir
a situação da Instituição e os impactos do bloqueio dos recursos
orçamentários", afirmou o reitor do IFRN, professor José Arnóbio de Araújo
Filho.
Conif
Ainda sobre o bloqueio orçamentário
anunciado no dia 27, o Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de
Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif) emitiu nota oficial,
disponibilizada na íntegra a seguir:
“Nota Oficial – Bloqueio de 14,5% do orçamento inviabiliza o pleno funcionamento da Rede Federal
O Conif – Conselho Nacional das
Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica
–, vem por meio deste expressar seu posicionamento contrário ao bloqueio linear
de 14,5% de seu orçamento, anunciado ontem (27/5) pelo Governo Federal e
imediatamente percebido nos sistemas orçamentários usados pelas instituições.
A Rede Federal já vivencia os desafios
da retomada presencial e os prejuízos advindos da pandemia e agora terá que
dividir seus esforços para lidar com esse bloqueio. Realizado de forma
unilateral e intempestiva, sem diálogo com os gestores das instituições da Rede
Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, o bloqueio –
estimado em R$ 350 milhões para a Rede e um montante de mais de R$1 bilhão, se
somado com as universidades federais – comprometerá as atividades dos 38
institutos federais, dos dois cefets e do Colégio Pedro II, que já sofrem com
orçamento insuficiente.
A situação é grave, pois o bloqueio
ocorre nos recursos destinados à manutenção das instituições. Ou seja,
atividades essenciais de ensino, pesquisa e extensão, visitas técnicas e
insumos de laboratórios serão cortadas dos estudantes. Serviços de limpeza e
segurança também deverão ser afetados, acarretando em demissões e,
consequentemente, em desemprego, em um momento de tentativa de aquecimento
econômico pós-pandemia.
Em 2022, todos os campi da Rede Federal voltaram a ter estudantes presenciais, que
retornaram ávidos por conhecimento e socialização. Os eventos científicos,
culturais e esportivos entraram em nosso planejamento e, algumas instituições
com licitações em andamento ou contratos assinados. O ano que devia propiciar
uma volta à normalidade, pode ser tornar um pesadelo. Mais do que nunca, nossos
estudantes precisam de uma escola que ofereça condições mínimas para o seu
desenvolvimento e para recuperação da aprendizagem.
A maior preocupação do Conselho e dos
dirigentes da Rede Federal sempre foi e sempre será com seus estudantes. Com
mais de um milhão de estudantes, dos quais aproximadamente 70% estão em
situação de vulnerabilidade social, com renda familiar de até 1,5 salários
mínimos, uma restrição orçamentária dessa magnitude afetará, principalmente, a
qualidade do ensino ofertado para os estudantes da Rede Federal, aumentando
ainda mais as desigualdades entre aqueles que têm condição de pagar uma
mensalidade e aqueles que não têm.
Diante de um cenário repleto de
incertezas, o Conif reitera seu compromisso com a educação pública, gratuita e
socialmente referenciada e espera que o Governo Federal revise sua postura de
bloqueio orçamentário do Ministério da Educação e de suas autarquias, levando
em consideração o acima exposto e os efeitos danosos que tal medida irá
provocar.
Brasília, 28 de maio de 2022”